Em 1945 Getulio Vargas fundou o PTB - Partido Trabalhista
Brasileiro. O pai dos pobres criou a CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas
que trouxeram direitos, deveres, benefícios e garantias aos trabalhadores
brasileiros, período de sonhos e ideais de vida melhor. Em 1960 meus pais,
Osvaldo e Anezina Castro, mãe de nove filhos e que também ajudava no sustento
da prole, movidos por aqueles ideais, cederam espaço em sua simples moradia
para a instalação de um diretório do PTB na Av. Ayrão nº 140 – Presidente
Vargas – Manaus. Inaugurado com o entusiasmo de centenas de moradores e com a
presença do governador Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo, do deputado
federal Almino Monteiro Álvares Afonso e do senador Arthur Virgílio Filho. Como
partes da cerimônia de inauguração, içaram a bandeira do partido que permaneceu
hasteada até março de 1964. A trajetória de 1960 ao início de 1964 foi de
grandes realizações para a comunidade. Alberto de Souza Sarmento, presidente do
diretório, socialista correto, inteligente e politizado, muito se empenhou pelo
desenvolvimento do bairro. Minhas lembranças das reuniões e temas tratados, dos
ideais políticos e dos sonhos daqueles simples proletários; da Festa das Nações
dirigida por minha mãe, enlevada pelos ideais de cultura como forma de
libertação e conscientização, e quando meu pai retirava todas as divisórias
internas de nossa casa, transformando-a em grande salão para apresentações de
canto, poesia, teatro e dança das nações; das edições do jornal O Trabalhista,
por mim vendido, ao percorrer as ruas e vielas esburacadas de nossa comunidade;
das lutas e reivindicações para construção do grupo escolar Antônio Teles de
Souza; do saneamento e asfaltamento das ruas. Veio o golpe militar de 1964 que
destruiu os sonhos de liberdade, prosperidade e avanço democrático. Com
prisões, assassinatos e banimentos vivemos a era do medo, da incerteza e do
obscurantismo. O golpe de 64 gerou terror, meus pais por medo e insegurança,
destruíram todas as provas documentais daquela história cívica, queimaram fotos
de Getulio, bandeira do PTB, atas, livros e jornais. De 1979 a 1985 vivemos os
tempos de abertura no governo do gen. João Figueiredo, que sancionou a Lei de
Anistia e extinguiu o bipartidarismo. No bipartidarismo, o regime militar não
permitiu o uso da palavra partido, permitiu a existência de duas associações
políticas nacionais, a ARENA - Aliança Renovadora Nacional, base de sustentação
civil do regime de exceção, formada com membros da UDN e egressos do PSD, e o
MDB – Movimento Democrático Brasileiro, com a função de fazer uma oposição bem
comportada e tolerável ao regime. A abertura e o pluripartidarismo permitiram a
reestruturação de partidos tradicionais que se tornaram importantes no cenário
político nacional e o surgimento de outras siglas partidárias: PTB, PMDB, PSDB,
PFL atual DEM, PPB, PDT, PT. Alguns desses partidos "nanicos" em
muitos municípios brasileiros tornaram-se instrumentos de negociações num
celerado leilão leva quem dá mais. No ano de 2008, mais precisamente em 29 de
maio, numa quinta-feira, sexto dia da morte de senador Jefferson Peres, o
Ajuricaba Contemporâneo, ícone da moralidade política brasileira, ainda
estávamos de luto e carregando o fardo da dor coletiva pela insubstituível
perda. Nesta data é interrompido o jornal da Record para a apresentação do
programa político do Partido Trabalhista Brasileiro. Então, Cena Um. O
Presidente Regional do PTB/AM, o ex-governador Amazonino Mendes, que de forma
patética, com o olhar dúbio e lacônico falava de experiências e realizações nos
seus governos, aguardava ansiosamente que falasse de probidade, moralidade e
honestidade, mas sabia que dessas virtudes pouquíssimos políticos brasileiros
podem falar. Cena Dois. O ex-deputado federal Roberto Jefferson Presidente
Nacional do PTB, com ares de bom moço, terno bem cortado, gravata Hermès, cabelos bem penteados fixados
com gel ou similar, fala pausada e bem colocada, olhar acentuadamente ladino
diz que, "os cofres da Prefeitura e do Governo do Estado do Rio Janeiro
estão abarrotados de dinheiro, o que precisa é saber administrar tanto a
Prefeitura quanto o Governo do Estado". A fala de Roberto Jefferson nos
transportou até a imagem ainda viva na memória nacional, da CPI dos Correios no
ano de 2005, quando o deputado federal não explicou a origem dos quatro milhões
de reais recebidos. O político profissional continuava demonstrando grande
conhecimento onde se encontrava o que mais lhe interessava - o dinheiro público
– a raposa continuava viva, impune e atuante. O Macunaíma da política
brasileira - o herói sem caráter.
ckecked
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