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segunda-feira, dezembro 28, 2009

PTB - DO SONHO AO PESADELO

Em 1945 Getulio Vargas fundou o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro. O pai dos pobres criou a CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas que trouxeram direitos, deveres, benefícios e garantias aos trabalhadores brasileiros, período de sonhos e ideais de vida melhor. Em 1960 meus pais, Osvaldo e Anezina Castro, mãe de nove filhos e que também ajudava no sustento da prole, movidos por aqueles ideais, cederam espaço em sua simples moradia para a instalação de um diretório do PTB na Av. Ayrão nº 140 – Presidente Vargas – Manaus. Inaugurado com o entusiasmo de centenas de moradores e com a presença do governador Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo, do deputado federal Almino Monteiro Álvares Afonso e do senador Arthur Virgílio Filho. Como partes da cerimônia de inauguração, içaram a bandeira do partido que permaneceu hasteada até março de 1964. A trajetória de 1960 ao início de 1964 foi de grandes realizações para a comunidade. Alberto de Souza Sarmento, presidente do diretório, socialista correto, inteligente e politizado, muito se empenhou pelo desenvolvimento do bairro. Minhas lembranças das reuniões e temas tratados, dos ideais políticos e dos sonhos daqueles simples proletários; da Festa das Nações dirigida por minha mãe, enlevada pelos ideais de cultura como forma de libertação e conscientização, e quando meu pai retirava todas as divisórias internas de nossa casa, transformando-a em grande salão para apresentações de canto, poesia, teatro e dança das nações; das edições do jornal O Trabalhista, por mim vendido, ao percorrer as ruas e vielas esburacadas de nossa comunidade; das lutas e reivindicações para construção do grupo escolar Antônio Teles de Souza; do saneamento e asfaltamento das ruas. Veio o golpe militar de 1964 que destruiu os sonhos de liberdade, prosperidade e avanço democrático. Com prisões, assassinatos e banimentos vivemos a era do medo, da incerteza e do obscurantismo. O golpe de 64 gerou terror, meus pais por medo e insegurança, destruíram todas as provas documentais daquela história cívica, queimaram fotos de Getulio, bandeira do PTB, atas, livros e jornais. De 1979 a 1985 vivemos os tempos de abertura no governo do gen. João Figueiredo, que sancionou a Lei de Anistia e extinguiu o bipartidarismo. No bipartidarismo, o regime militar não permitiu o uso da palavra partido, permitiu a existência de duas associações políticas nacionais, a ARENA - Aliança Renovadora Nacional, base de sustentação civil do regime de exceção, formada com membros da UDN e egressos do PSD, e o MDB – Movimento Democrático Brasileiro, com a função de fazer uma oposição bem comportada e tolerável ao regime. A abertura e o pluripartidarismo permitiram a reestruturação de partidos tradicionais que se tornaram importantes no cenário político nacional e o surgimento de outras siglas partidárias: PTB, PMDB, PSDB, PFL atual DEM, PPB, PDT, PT. Alguns desses partidos "nanicos" em muitos municípios brasileiros tornaram-se instrumentos de negociações num celerado leilão leva quem dá mais. No ano de 2008, mais precisamente em 29 de maio, numa quinta-feira, sexto dia da morte de senador Jefferson Peres, o Ajuricaba Contemporâneo, ícone da moralidade política brasileira, ainda estávamos de luto e carregando o fardo da dor coletiva pela insubstituível perda. Nesta data é interrompido o jornal da Record para a apresentação do programa político do Partido Trabalhista Brasileiro. Então, Cena Um. O Presidente Regional do PTB/AM, o ex-governador Amazonino Mendes, que de forma patética, com o olhar dúbio e lacônico falava de experiências e realizações nos seus governos, aguardava ansiosamente que falasse de probidade, moralidade e honestidade, mas sabia que dessas virtudes pouquíssimos políticos brasileiros podem falar. Cena Dois. O ex-deputado federal Roberto Jefferson Presidente Nacional do PTB, com ares de bom moço, terno bem cortado, gravata Hermès, cabelos bem penteados fixados com gel ou similar, fala pausada e bem colocada, olhar acentuadamente ladino diz que, "os cofres da Prefeitura e do Governo do Estado do Rio Janeiro estão abarrotados de dinheiro, o que precisa é saber administrar tanto a Prefeitura quanto o Governo do Estado". A fala de Roberto Jefferson nos transportou até a imagem ainda viva na memória nacional, da CPI dos Correios no ano de 2005, quando o deputado federal não explicou a origem dos quatro milhões de reais recebidos. O político profissional continuava demonstrando grande conhecimento onde se encontrava o que mais lhe interessava - o dinheiro público – a raposa continuava viva, impune e atuante. O Macunaíma da política brasileira - o herói sem caráter.
ckecked

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