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quarta-feira, dezembro 23, 2009

MARINA TEM A NOSSA CARA

"A história de vida de Marina Silva é povoada de grandes momentos. Mas ela nasceu em um ambiente simples. Na colocação de seringa chamada Breu Velho, no Seringal Bagaço, a 70 quilômetros da cidade de Rio Branco. Hoje o local é um projeto de assentamento de agricultores executado pelo INCRA. Mas em 08 de fevereiro de 1958, data de seu nascimento, não havia estrada, e a longa viagem pelo rio tornava quase impossível qualquer assistência médica. As parteiras dos seringais "pegavam" as crianças e, com olho experiente, diagnosticavam se tinham ou não condições de "vingar" em meio à alta mortalidade infantil da floresta. Dos onze filhos de Pedro Augusto e Maria Augusta - pais de Marina da Silva, três morreram ainda pequenos. Ela ficou sendo a segunda filha mais velha dos oito sobreviventes, sete mulheres e um homem. A família baixou o rio para tentar a vida em Belém do Pará. Não deu certo. O pai trouxe todo mundo de volta ao seringal, fazendo uma enorme dívida com o patrão seringalista que pagou as despesas da viagem. As filhas foram o auxílio de que se valeu para pagar a dívida. Marina e as irmãs cortaram seringa, plantaram roçados, caçaram, pescaram, ajudaram a restabelecer as finanças e a estabilidade da família no seringal. Escola não havia. Aos 14 anos Marina aprendeu a conhecer as horas no relógio e as quatro operações da matemática para não ser enganada pelos regatões na venda da borracha. Aos 15 anos ficou órfã da mãe e, como a irmã mais velha havia casado, assumiu a chefia da casa e a criação dos irmãos mais novos. Aos 16 anos contraiu hepatite e teve que ir para a cidade, em busca de tratamento médico. Resolveu ficar, trabalhando como empregada doméstica, porque queria estudar. Tinha um sonho: ser freira. Havia aprendido com a avó as rezas e devoções da religião católica. Achava que na vida religiosa poderia formar seu caráter dentro da moralidade exigida pelas tradições dos nordestinos que povoaram os seringais da Amazônia, sendo seu pai um deles. Ao mesmo tempo ficava fascinada pela possibilidade de estudar nas escolas da igreja, que eram as melhores da região. Começou a frequentar as aulas do Mobral, depois o curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever. Foi morar com as freiras. Fez o supletivo de 1º grau. Matriculou-se no colegial, mas foi novamente no supletivo que obteve o diploma de 2º grau. Antes dos 20 anos, já se preparava para fazer o vestibular e entrar na universidade. A essa altura, já havia abandonado o sonho de ser freira. Frequentando as reuniões das Comunidades Eclesiais de Base e aproximando-se dos grupos de teatro amador, percebeu que não aspirava a vida do convento, mas a ação no mundo. E que isso não representava nenhum prejuízo em suas convicções religiosas e morais. Nas lutas dos moradores de seu bairro, descobriu a política não-partidária dos movimentos sociais. Na escola, aproximou-se das lideranças do movimento estudantil. Uma nova hepatite fez com que perdesse as provas do vestibular. Deixou o noivo Raimundo Souza esperando e pediu ajuda ao Bispo D. Moacir Grecchi para viajar a São Paulo em busca de tratamento. Quando voltou, o casamento adiou por mais um ano sua entrada na universidade. Mas no ano seguinte, já grávida da primeira filha, iniciou o curso de História, que concluiu em quatro anos. Foi o padre João Carlos, da paróquia que frequentava, quem sugeriu o nome hebraico Shalon para a filha. Um ano depois nasceu Danilo, nome colocado em homenagem a um amigo, artista plástico e companheiro do grupo de teatro. Na universidade descobriu o marxismo. Entrou para o PRC, um dos vários grupos semi-clandestinos que atuavam na oposição ao regime militar. Começou a dar aulas de história e frequentar as reuniões do movimento sindical dos professores. Casou-se duas vezes. Do segundo casamento, com Fábio Vaz de Lima, nasceram mais duas filhas: Moara e Mayara. O horizonte de Marina Silva nunca parou de se alargar. Hoje, ao currículo onde reúne a experiência como professora de história, líder estudantil e sindical, vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente, Marina está juntando um curso de Pós-graduação em Psicopedagogia, que deverá concluir ainda em 2008 e acrescentará mais um campo de atuação na história desta ex-seringueira que até os 16 anos pouco sabia da vida urbana, mas já conhecia a fundo os segredos da floresta. A biografia de Marina Silva fez com que ela fosse escolhida pelo jornal britânico The Guardian, em 2007, uma das 50 pessoas em condições de ajudar a salvar o planeta. Mas sua lista de premiações e reconhecimentos nacionais e internacionais é longa. Entre muitos outros, ela recebeu o prêmio "2007 Champions of the Earth", o maior prêmio concedido pelas Nações Unidas na área ambiental. No dia 29 de outubro de 2008, a senadora recebeu das mãos do príncipe Phillip da Inglaterra, no palácio de Saint James, em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira, o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF. Em junho de 2009 recebeu o prêmio Sophie, por seu trabalho em defesa do meio ambiente, oferecido pela fundação norueguesa Sophie, criado pelo escritor norueguês Jostein Gaarder, autor do best seller "O Mundo de Sofia"
Nota: texto extraido "ipsis litteris" da biografia da Senadora Marina Silva, editado na página: marinasi@senado.gov.br


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