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quarta-feira, dezembro 23, 2009

POLÍTICA, ESPIRITUALIDADE E GOVERNABILIDADE

Talvez o mais famoso líder na história da humanidade do ponto de vista de liderança e espiritualidade tenha sido Moisés. Ele preenchia, segundo relatos bíblicos, a capacidade de reunir os aspectos essenciais de um líder. Sua compaixão e preocupação pelos seres vivos, segundo o Antigo Testamento, despertaram a observação de Deus que viu nos seus gestos, o homem ideal para liderar um povo com sabedoria, firmeza e os devidos valores espirituais. Mas porque um líder teria que, acima de tudo, estar imbuído não só dos valores que o levam ao poder, mas também de uma sensibilidade espiritual que o guiasse no decorrer de seu mandato? A resposta pode estar tanto na história da humanidade quanto nos Livros Sagrados. A cada dia observamos que a falta de uma bússola espiritual aos líderes em geral, os faz distanciarem-se do povo, de seus objetivos provedores, de seus valores éticos, tornando o exercício do poder algo mecanicista, articulatório, onde os interesses pessoais e materialistas se assombram sob o som de uma orquestra que visa à manutenção das vantagens dos que compartilham o poder, transformando a governança, insensível aos valores morais, da boa conduta humana e do bom exemplo. Alguns alegam que existe hoje em dia uma tendência fundamentalista-religiosa em muitos países e, com certeza, todo exagero quer seja ele de qual for a origem, não é saudável. Contudo, a história demonstra que frágil é a sociedade sem os devidos preceitos que elevam o ser humano e que sem um esteio espiritual - seja ele fruto de qualquer religião -, tende a levar a humanidade à fraqueza moral, à desestruturação da sociedade, e por conseqüência, à queda de seus líderes. No Brasil, sob a égide da esquerda marxista, pouco se valorizou os ideais espirituais nos últimos anos. Muito se falou em desenvolvimento material, em planos de aceleração do crescimento, mas quase nada evoluímos nos conceitos que também somam à dignidade humana, como a ética, os predicados de uma vida saudável, os exemplos de probidade e honestidade pública e o combate à corrupção. Vejo como uma luz de esperança candidatos como Marina Silva, que através de uma luta pessoal, vencendo os obstáculos da miséria no decorrer de sua vida, sempre demonstrou uma espiritualidade acentuada. Em vez de ter travado uma luta ideológica de classes, Marina o preferiu fazer na defesa das florestas, dos animais e do planeta, optando, portanto, por um caminho politicamente mais tortuoso, mas que aos olhos de Deus, na defesa dos seres vivos, talvez escolha torná-la uma líder, como aquele que um dia libertou um povo da escravidão e que, certamente, poderá também nos libertar desse "Egito político" que hoje vivemos no Brasil, em nome da chamada "governabilidade".

Advogado, Pós Graduado em Direito Processual, Professor do Curso de Pós-Graduação em Direito da Universidade Paulista, coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil-SP e membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB-SP. Veja o Blog do Rizzolo





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