A vida é célere e mutante. Hoje, no limiar de
2010, grande parte do país enfrenta as endêmicas, previsíveis e trágicas
catástrofes causadas pelas chuvas. Bairros do subúrbio do Rio de Janeiro e
municípios do estado; zona norte e centro da cidade de São Paulo e cidades do
interior; cidades do sul do país, principalmente nos estados do Rio Grande do
Sul e Paraná. Os cidadãos sofrem com os fenômenos da natureza, justamente por
morarem em áreas reconhecidamente de riscos, sofrem pelo descaso calculado dos
governantes no controle de ocupações de áreas e por falta de investimentos em
saneamentos em aglomerados urbanos. Governar para os pobres principalmente os
mais carentes, são missões espinhosas e complexas por serem os mais atingidos
nas catástrofes pluviais. Pressionados pela pobreza e especulação imobiliária,
sujeitam-se a morar em áreas inseguras, desprovidas de estruturas em saneamento
básico e de total ausência do estado. Historicamente são personagens do êxodo
humano que abandonaram as senzalas e construíram as favelas, e lembrados apenas
de quatro em quatro anos quando alcançados pelo discurso fácil e hipócrita dos
salvadores da pátria. A ausência do governador Sérgio Cabral no início do
acidente em Angra dos Reis e o semblante desconfortável e contrariado do
prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, demonstra as dificuldades que as
autoridades têm ao enfrentar as adversidades, ouvir acusações de descaso, de
inaptidão e má gestão e, ao constatarem o despreparo da defesa civil. As crises
e catástrofes causam maiores transtornos, desconfortos, e reações positivas aos
governantes, quando se preocupam com o ônus que colherão por suas ações, seja
por inércia e inapetência ou por atos determinados e competentes. Hoje, a
ribalta se ilumina anunciando novas eleições e, é dado o start do race eleitoral, a insana disputa para quem chegará ao
primeiro lugar na reta final. Nas urnas, os eleitores deverão se colocar no
lugar de fiéis da balança ao pesar os graus de (in)satisfações e consagrarão
mais um quadriênio para os postulantes aos cargos públicos.
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