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segunda-feira, dezembro 28, 2009

LOUSA VERDE, GIZ BRANCO E QUADRO NEGRO

Ao acompanhar pela mídia as homenagens, citações e comemorações ao Dia do Professor, motivaram-me a expor a visão de um cidadão e aluno de escola brasileira. O ensino público em nosso país, salvo raras exceções, de forma generalizada encontra-se em situação caótica, em latente estado patológico, com avançada diminuição do nível de consciência, e com fortes características de indiferença, sonolência e apatia. Será proposital o comportamento míope dos gestores estatais? Será que estes comportamentos estão sendo usados como estratégia de combate as palavras de Henry Broughan, advogado e político britânico que disse, “A educação torna um povo fácil de guiar, mas difícil de dirigir, fácil de governar, mas impossível de escravizar” Ao pesquisar os institutos públicos, e de conformidade com as recentes palavras do Ministro da Educação Fernando Haddad, nota-se o esforço do Estado brasileiro em investir R$ 8 bilhões de reais na educação, até 2010. São propostas de parcerias com estados e municípios que se comprometem com diretrizes estatais, desde a escolha criteriosa de diretores de escolas, a formação de conselhos escolares, e até o acompanhamento individualizado dos alunos. Programas como o PROUNI, FIES, ENEM, ENADE, cada um com suas finalidades específicas e, entre outras, o de conceder bolsas de estudos integrais ou parciais; financiar estudantes do ensino superior; democratizar, estruturar, oportunizar e mobilizar o acesso as universidades; e avaliar o desempenho dos alunos ingressantes e concluintes em relação aos programas dos cursos em que estão matriculados. Para um neófito em investimentos em educação estes recursos podem ser imensuráveis, como também pode ser pouco para a gigantesca demanda populacional tão carente de educação. Digo isto, ao direcionar o olhar as centenas ou milhares de escolas públicas espalhadas por todo o país em precárias condições físicas e estruturais, com gotejamentos e infiltrações; arquiteturas que não atendem as necessidades práticas de ensino, com baixa luminosidade, ventilação, mobilidade e ocupação espacial; escolas sem teto ou teto de palha; sem paredes, ou paredes de pau-a-pique com pisos de barro; sem carteiras e mesas, com carteiras e mesas danificadas; equipamentos sem estudos ergométricos; aulas ministradas embaixo de árvores; escolas sem bibliotecas e banheiros; escolas que são assaltadas, roubados seus equipamentos e destruídos seus laboratórios. Mais de 50 milhões de alunos estudam em escolas públicas brasileiras, em todos os níveis e modalidades de ensino, desde a Pré-Escola, as Classes de Alfabetização, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos até o Ensino Superior. Neste universo de classes sociais encontram-se todos os tipos de cidadanias e personalidades, são milhões de alunos centrados, educados e estudiosos, oriundos de famílias estruturadas; são milhares e milhares de alunos com problemas comportamentais, oriundos de famílias desestruturadas, pais alcoólatras, com baixa estima, com dificuldades de percepção da realidade, sem educação doméstica, moldados pela cultura de massa e sem projeções para o futuro. Crianças, jovens e adultos que não aprenderam a respeitar os pais e muito menos os professores, crianças e jovens mimados que não aceitam ser contrariados, que não aprenderam a conviver com a disciplina e a liberdade, crianças com enormes dificuldades de concentração e abstração, adolescentes agressivos, ameaçadores e usuários de drogas. Este é o retrato de uma realidade sob ótica empírica, não está contextualizada sob parâmetros científicos, mas jamais deixará de ser uma realidade. E os professores? Há! Os professores! Heróis anônimos, graduados, pós e mestrados, submetidos a métodos pedagógicos que não atingem os objetivos propostos, não-reciclados, mal remunerados e desestimulados, estressados, desrespeitados, ameaçados, e às vezes até agredidos por pais e alunos. A escola não é para ser um monastério, a escola é para ser o templo, lugar de acolhimento, do sagrado e sublimação, socialmente desejável, lúdica e criativa.
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